A cultura gastronômica profissional italiana desenvolveu técnicas e tecnologias para a produção de massas, pizzas, cafés espressos e, claro, sorvetes que estão cada vez mais acessíveis e reproduzíveis ao redor do mundo - e podemos dizer que no Brasil, ao menos nas capitais, virou regra, elevou o sarrafo. Isso é bom? Sim. Pode dar ruim? Sim.
Do mesmo modo como agora todo mundo faz pizza "napoletana" medíocre, a arte dos gelataios também incorre no mesmo fenômeno. Mas é inegável que maquinário e formação de profissionais avançaram absurdamente, sobretudo nos últimos 20 anos na indústria e nos últimos 10 anos na rua mesmo. Até os anos 1990 um Kibon era uma grande referência de qualidade. Nos anos 2000 os importados (Häagen-Dazs e cia) lavaram a égua no mercado.
Mas a sorveteria artesanal carecia de técnicas apuradas. Em Brasília, então, a Saborella vinha desde 1995 surfando sozinha neste mercado. Os demais artesanais, Moka's, Palato, Nosso Sabor e Sorveteria da Torre dependiam (e dependem) em excesso dos estabilizantes, corantes ou conservantes para chegar à textura.
Como a Saborella, arrisco dizer, não há igual. Para mim é a perfeita união do melhor da técnica e do maquinário italiano com a personalidade e o impulso criativo que o transgride para entregar um sorvete único, com um pezinho lá naqueles clássicos, muito próximo da artesania mesmo. Não um gelato.
Esta lista é a do sorvete. Mas a gelateria se impôs. Não há como não pensar em insumos de qualidade e técnica ao avaliar. Há mais gelatos do que sorvetes, mas fiz questão de borrar esse limiar. Afinal, não basta ter maquinário.
A prova disso é a ausência das grandes redes do ranking. Não é nem por implicação minha não. Uma das formas de você conseguir viabilizar a logística de entrega e do padrão de qualidade para franquias ou várias lojas proprietárias, é de recorrer muitas vezes a excesso de açúcar (caso da Borelli e da Happy Harry) ou de um processamento mais agressivo (caso da Bacio).
Ficaram as que trazem, além de toda a técnica, sabor, ingredientes vivos e personalidade. Assim, cheguei ao ranking. Vamos lá?
TOP 10 SORVETES DE BRASÍLIA
(ranking em ordem alfabética)
Descobri esse site semana passada. Você é o ex-crítico de gastronomia do Merdóp... quero dizer, Metrópoles? Se sim, sou seu fã. Se bem me lembro, você substituiu uma crítica que mais parecia assessoria de imprensa, e seus textos eram de fato ANÁLISES.
Sobre o ranking de sorvetes, o que faltou à Brazilian Ice Cream? Decerto você conhece, e reputo como uma das melhores do Quadrado.
Concordo com você amigo, não gosto da famosa Borelli, também acho doce e artificial pro meu paladar. Senti falta da sorvete ao quadrado nessa lista. Você já teve a oportunidade de conhecer?